quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Alguns dias de trabalho na Beira

Semana passada tive a oportunidade de ir trabalhar por alguns dias na Beira. Beira é a capital da província de Sofala e a segunda maior cidade de Moçambique. Todo o carvão retirado da mina de Moatize é escoado por uma ferrovia de cerca de 530 km até o porto da cidade. Minha área tem um representante que está fazendo o mapeamento das comunidades próximas da ferrovia e dos responsáveis por elas, para minimizar os possíveis acidentes no percurso.
Viajei junto com a minha colega de trabalho. Chegamos a cidade as 17:30 e fomos diretamente para o Hotel Sena. Apesar de não conhecer nenhum hotel em Maputo, confesso que me surpreendi pela qualidade e limpeza do hotel. No dia seguinte, acordamos e fomos caminhar na rua. Depois tomamos café e em menos de 5 minutos estávamos na empresa (em Tete é pelo menos 40 minutos). A manhã de trabalho rendeu bastante, e a tão esperada hora do almoço chegou. Fomos almoçar no restaurante do Clube Náutico. O local fica na beira da praia, e é claro, como uma boa caipira, não resisti em tirar os meus sapatos e ir colocar os meus pezinhos na água do Oceano Índico. O camarão que comi, a paz do lugar e a brisa do mar fizeram meu almoço muito especial.

No dia seguinte, fui conhecer o porto. A impressão que tive é que tudo lá ainda é um grande canteiro de obras. O meu colega que me acompanhou na visita, não cansava de afirmar que cada vez que ele vai lá existe uma coisa nova e que a empresa realmente está melhorando as condições do porto. Esse mesmo colega, nasceu na Beira e nos contou um pouco das curiosidades do local: Os portugueses construíram o porto e se estabeleceram com suas famílias na cidade, causando assim um boom nas atividades comerciais. A cidade prosperou com o porto e atraiu pessoas de diferentes comunidades étnicas. Com a independência de Portugal em 1975, a maioria dos portugueses deixaram a cidade. Entre 1976 e 1992, Moçambique foi devastado por uma guerra civil e Beira foi um dos principais centros dessa guerra. Como consequência, foi totalmente degradada. Quando se anda pela cidade, é possível observar casarões e prédios abandonados que provavelmente foram da elite portuguesa. O maior exemplo dessa degradação é o Grande Hotel (foto ao lado), que durante a guerra civil tornou-se campo de refugiados e hoje é invadido e habitado por pessoas que vivem em condições precárias.
Assim, acredito que os brasileiros que chegam com a ferrovia e o porto trazem a esperança de revitalização dessa cidade que me encantou.














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