terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dia do Idoso e Dia do Coração

Desde que comecei a escrever o blog, ficava sempre na dúvida se poderia falar algo mais específico da minha atividade, contudo, participei de um evento que vale a pena ser registrado…

O evento de celebração do Dia do Idoso e do Dia do Coração, que ocorreu no dia 1 de Outubro (foto ao lado de 2 colegas de trabalho), foi uma das atividades que realmente me fez sentir num intercâmbio e perceber que diferenças culturais existem e são gritantes. Basicamente, a ideia do evento era realizar algumas praticas esportivas (caminhada e ginástica) e depois uma feira de saúde, com local para fazer doação de sangue, fazer teste de HIV e explicando como fazer uma mistura nutricional, como escovar os dentes, etc...

Até ai tudo bem, uma atividade como outra qualquer. Minha surpresa foi quando os cargos políticos da cidade começaram a fazer discurso sobre o assunto. Primeiro, eles evocam o nome de todos que estão no palanque (por volta de umas 7 pessoas) e todos que fizeram os discursos tem que evocar. Segundo, eles falam data e colocam o motivo do evento… de novo, todos fizeram isso… Dai realmente começa o discurso e lá vem as pérolas:

“ Todas as pessoas tem idosos na família… pessoas com mais de 50 anos devem ser respeitadas como idosos. Trabalham uma vida toda e com 50 anos querem paz, por isso os filhos devem acolhe-los em suas casas.” Como assim??? 50 anos idoso?? Filho ajudando?? No Brasil isso seria uma ofensa das piores….

E dai continua… “O pior são as pessoas que pensam que os idosos viram feiticeiros e começam a querer matar os filhos. Essas pessoas são ingratas, não sabem o que esses pobres já passaram. Apesar de ouvirmos casos de feitiços realizados por idosos, isso não é regra.”

Não satisfeito com isso, ainda falaram do coração e da necessidade de se fazer esporte: Aqui é difícil as pessoas praticarem algum desporto… se a gente vê alguém a correr na rua, logo pensamos que é ladrão!! Na hora só consegui pensar o que um moçambicano na Noruega iria achar das pessoas que saem correndo na chuva e na neve…

Idosos comendo a mistura nutricional... e é claro que eu não resisti em também experimentar!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Festa de Halloween … I am still learning II

Quando cheguei em Tete, fiquei hospedada por cerca de dois meses e meio no Hotel Zambezi. Não posso reclamar, pois é um dos melhores hotéis do cidade, mas morar em hotel é sempre um motivo para não se sentir bem, já que sempre fica a impressão de que estou de passagem e não faço parte do local. Quando me mudei para a Guest House, tive uma mudança perceptível. Lá são apenas 7 quartos e temos um quintal com piscina e uma cozinha. Além disso, eu comecei a ter algo que sentia falta: pessoas que me fizessem companhia. Lá encontrei a Bruna, uma menina que foi uma das primeiras trainees da AIESEC aqui e que me recepcionou muito bem desde o começo, virando uma grande amiga e confidente. Depois de pouco mais de um mês chegaram o Robson e a Tarsila…
Desde que nos juntamos, pensávamos em fazer um open house grande. Pensamos um pouco mais e achamos que seria interessante fazer uma festa de Halloween, já que a data era próxima do final do mês de Outubro... Perto da Guest, existe um bar chamado Gogopiro, e por ser um lugar aconchegante decidimos fazer a festa lá. Fomos conversar com o dono que prontamente aceitou em fechar o bar para nós sem cobrar nada, além de garantir uma caipinha no cardápio.
O grande problema começou na tarde da festa, quando o dono do estabelecimento me ligou dizendo que a festa só poderia ser lá, se nós pagássemos o equivalente a 2.500 reais. Fiquei nervosa como muito tempo não ficava… fiquei com raiva do país e da falta de palavra e organização das pessoas, enfim hoje dou risadas do acontecido, mas na hora eu queria explodir Moçambique… Apesar disso, nós não desistimos e fomos, com menos de 4 horas do inicio da festa, negociar com o dono. No final ele cedeu a um valor equivalente a 250 reais. Nós colocamos a decoração e fomos nos arrumar.
Estava muito ansiosa no inicio da festa, pois percebi que não consegui manter o equilíbrio em uma situação simples no qual eu deveria focar na solução e não ficar com raiva ou stressada. Só consegui me acalmar quando percebi que as pessoas mais queridas estavam lá comigo, com fantasia criativas e que estávamos todos nos divertindo. O melhor de tudo mesmo foi o final da festa que acabou na piscina da guest como os moradores tinham planejado…
Naquela noite, ficou a certeza de que se as coisas não dão certo, o melhor é relaxar e curtir… quando se planeja muito, gera-se expectativas que muitas vezes não podem ser cumpridas, então deixe rolar, pois assim você terá uma noite para ficar marcada por muito tempo!


PS: Claro que esqueci de falar da minha fantasia… em homenagem a esse país louco, estava de moçambicana!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Conferência da AIESEC em Maputo... I am still learning



No final de semana de 21 a 23 de Outubro depois de quase 4 meses de Moçambique, finalmente conheci Maputo. Sai na quinta-feira a noite de Tete e quando cheguei ao aeroporto estavam duas meninas da AIESEC me esperando. Estava empolgada e tive um feeling muito legal de como se tivesse começando o meu intercâmbio novamente, pois tudo estava sendo novidade. As meninas me deixaram na casa da Ligia, uma brasileira que foi do MC de Moçambique e que agora também é trainee na Vale. Ela me recepcionou da melhor forma possível e me fez sentir em casa, como uma verdadeira aieseca faz e como muitas vezes eu fiz com as pessoas que iam para conferências em São Paulo e ficavam em casa. Fomos jantar em uma pizzaria (detalhe da pizza gigante) com mais 2 aiesecos e depois ficamos até tarde contando histórias de conferências e de experiencias de EBs. Me senti entre amigos de longa data!
Na sexta-feira acordei cedo e encontrei a Lauren, outra trainee que também mora em Tete. Fomos em um parque que tem uma feirinha e as duas ficaram loucas! Comprei muitas coisinhas com cara de África para mandar de lembrancinha para o Brasil. Depois disso, almoçamos em um restaurante italiano que me fez delirar com a salada de salmão e quiche. A tarde fomos passear no shopping e comecei acreditar que Moçambique não é Tete, e que Maputo é uma cidade grande e tem infra-estrutura como tal.
No sábado começou oficialmente a conferencia para os trainees. As 9:00 estava programado para encontrarmos todo o pessoal para irmos para a Reserva Especial de Maputo, no qual segundo um booklet que recebemos, havia 240 elefantes e espécies como o antílope, cabritos vermelho e cinzento, hipopótamos , crocodilos do Nilo, etc.
O primeiro sinal de que o passeio não iria dar certo foi o atraso de quase 3 horas do chapa. Chapa é um transporte utilizado em Moçambique, normalmente são vans ilegais que fazem o papel do transporte público. O nosso chapa contratado acabou atropelando uma velhinha e precisamos aguardar por um outro. Assim nossa aventura começou as 12h. Ficamos cerca de duas horas chacoalhando no carro até pararmos em um bar de beira de estrada para almoçar. Cardápio único: Gazela com arroz ou chima (papa de farinha parecida com a nossa polenta). Optei por comer apenas a chima. Nesse bar tive provavelmente o primeiro ápice de choque cultural.
Quando chegamos no lugar tinha um bêbado e um louco. O bêbado ficou só falando alto na língua local, mas o louco subiu na árvore e em certo momento veio perto da mesa e pegou o braço de uma menina. Não senti medo, mas senti um incomodo profundo, uma rejeição da comida, do local, do momento. Queria estar no meu conforto, pois estava muito calor e eu não estava gostando da situação. Como eu estava ciente de que faz parte do processo de aprendizagem, tentei me acalmar e conversar com as pessoas que estavam juntos.
Mais meia hora e chegamos na tão esperada reserva. Contudo, a pessoa que estava na porta fez duas perguntas simples: O carro tem tração nas 4 rodas? O motorista já veio aqui alguma vez? E é claro que a resposta foi não. Ou seja, não poderíamos entrar na reserva. Tentamos negociar ainda, mas o policial responsável da reserva não foi nada flexível, pois estavam ocorrendo “caça furtiva” no local e eles estavam investigando. WTF???
Meu segundo ápice de choque cultural ocorreu nesse momento. Como ninguém ligou para perguntar como se fazia o passeio?? Cade o planejamento? Como você coloca 15 pessoas em uma van e não sabe nem onde vai almoçar? Como, como e como?? Mais um suspiro e relaxei… aqui é assim, eles simplesmente não sabem planejar e executar. E os que sabem são muito bem sucedidos…

Tiramos apenas uma foto de recordação do passeio! O bom de tudo isso é que o grupo foi muito aieseco e ninguém perdeu o bom humor… até mesmo na hora que o carro atolou na areia e tivemos que empurrar. Mas o meu dia ainda estava por ser salvo. No caminho da volta, tivemos que pegar uma balsa e lá tinha um cara com um pau cheio de vidros de esmaltes. Ele pinta a unha das pessoas na rua! E é claro que mulher que é mulher muda de humor quando tem as unhas feitas…. Eu nem precisei sair da van para ele começar o trabalho que demorou menos de 10 minutos e custou 50 meticais (R$ 2,50).
Chegamos no local da conferencia e as pessoas estavam se preparando para o jantar de gala. Nós não tínhamos um quarto pronto ainda e eu quis xingar um, mas o meu eterno espírito de OC não me permitiu…
O jantar de gala foi legal e deu um feeling bom de acreditar na AIESEC, de ver vidas sendo impactadas e de deixar todo o resto de lado e mais uma vez querer acreditar que nós somos fodas! Me senti como uma trainee tal como nunca tinha sentido antes. Senti orgulho de pertencer ao meu CL querido e de ver durante a apresentação a foto do nosso segundo trainne, o Ivan, um moçambicano que ficou 3 meses no Brasil, trabalhando na Odebrecth.
Depois do jantar, começou a festa… Não uma festa do estilo conferencia brasileira, mas um festa que foi ótimo pois foi completada por brasileiros.