terça-feira, 6 de março de 2012

Comércio local II

Depois de escrever um post sobre o comércio local, fiquei pensando que descrever o Kwachena não era claramente descrever o comércio local, nem os serviços e produtos do país… Resolvi então pensar no meu dia-a-dia e comentar sobre algumas coisas curiosas …
Telefonia celular
No país existem 2 companhias de telefonia celular, a mCel e a Vodacom. A mCel foi a primeira operadora a se estabelecer no país (em 1997) e é uma operadora do governo. Já a sul-africana Vodacom, entrou no mercado em 2002, querendo bater a operadora estatal. Apesar de ser um mercado bem competitivo, ainda nenhuma das duas operadoras conseguiu estabelecer uma rede estável. Pelo menos uma vez por semana, cada uma apresenta um problema de rede e ninguém consegue se comunicar. E dai a solução é simples: ter um chip de cada empresa. Quem agradece são os vendedores de crédito na rua. Isso mesmo, aqui você consegue comprar chip, recarga e até mesmo o aparelho de celular de pessoas que ficam oferecendo esses produtos em cada esquina. E como eles são insistentes…




Companhia aérea
Um pouco menos evoluído que o serviço de telefonia celular, o serviço de transporte aéreo tem apenas uma companhia aérea: LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, que desde 1998 é uma Empresa Limitada, no qual o governo possui detém 91% de controle da empresa, restando para os gestores, técnicos e trabalhadores da LAM os 9% restantes.Para quem quer viajar para fora do país, existe uma concorrente que está brigando para entrar no mercado. A Airlink, empresa subsidiaria da South African Airways, tem voos de Johannesburgo para 4 cidades em Moçambique…Mas mesmo assim, já viu, né? Um mercado sem concorrência, abuso na certa…voos saindo antes do horário previsto, sendo cancelados, ou tendo rotas/ escalas alteradas sem nenhum aviso prévio. Passar raiva ao andar de LAM é normal. Quando se viaja, a única solução é cruzar os dedinhos e torcer para que nada dê errado...

Cerveja
Quando se entra em um supermercado moçambicano (pelo menos em Tete), provavelmente você encontrará apenas alguns produtos produzidos no país, a maioria das coisas é importada da Africa do Sul, Europa e até mesmo do Brasil. Mas uma coisa curiosa é que o país tem 3 marcas de cerveja produzidas nacionalmente: a 2M, Laurentina e Manica. Eu não entendo quase nada de cerveja, nem sou uma admiradora, mas os brasileiros garantem que a cerveja brasileira parece água depois que se prova a moçambicana…

Restaurantes de Tete
Consigo contar nos dedos os restaurantes bons da cidade, provavelmente seis ou sete, mas cada um deles com a sua especialidade: Bela Italia e La Villa com pizza e comida italiana, Le Grand Café com swarma, WhyNot com entrecosto (costela), Retiro com camarão e Hotel Zambeze com buffet. A maioria desses lugares são administrados por estrangeiros e com empregados moçambicanos locais e pouco treinados para a infelicidade dos clientes. Nos restaurantes, esperar pelo menos 30 minutos e ter algo errado no seu pedido é regra. E o pior que nem adianta reclamar, ficar bravo ou irritado, a situação não muda. Eu assumo completamente que estou queimando a minha língua por falar mal do Brasil, aqui aprendi a respeitar a “limitação” das pessoas e acreditar que elas não fazem por mal, mas porque não são treinadas ou não entendem suficiente para serem mais pró-ativos e eficientes no seu trabalho.

Lei de Defesa do Consumidor
Outra coisa perceptível é a falta de atenção aos direitos do consumidor. Ir ao banco é o mesmo que optar por perder pelo menos 1 hora do seu dia na fila e não sair satisfeito com o que precisava… E o que dizer, quando se compra um saco de farinha e ele vem cheio de bichinhos dentro? Para quem reclamar?Me questionei muitas vezes se no país tinha Lei de Defesa do Consumidor e para finalizar esse post, resolvi pesquisar mais sobre o assunto… Achei no site Club of Mozambique uma reportagem de Maio de 2009, dizendo que a lei tinha sido aprovada e que no artigo 5, se estabelece que o consumidor tem como direitos a serem respeitados: a qualidade dos bens e serviços; a protecção da vida, saúde e segurança física; a formação e a educação para o consumo; a informação para o consumo; a prevenção e reparação dos danos resultantes da ofensa de interesses ou direitos do consumidor; a protecção jurídica e justiça acessível e pronta e; direito contra a publicidade abusiva e enganosa.Bom, a lei existe, mas o que falta agora é conscientização das pessoas e fiscalização… Bora Moçambique trazer excelência nos produtos e serviços!!!

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